O filme O Favorito, dirigido por Jason Reitman, conta a história de Gary Hart (interpretado por Hugh Jackman), um político carismático e promissor que, durante a campanha presidencial de 1988, vê sua vida pessoal ser exposta no centro de um escândalo midiático. Tudo começa quando uma jornalista investigativa (interpretada por Sara Paxton) descobre que Hart está tendo um caso extraconjugal e resolve publicar essa informação na imprensa. A partir daí, torna-se impossível para o candidato manter sua candidatura de pé, e todos os seus sonhos e expectativas são desmanchados diante do olhar atônito do público americano.

O que torna O Favorito ainda mais interessante é que, embora seja baseado em fatos reais, seu tom é deliberadamente ficcional e controverso. O diretor Jason Reitman optou por não julgar moralmente os personagens, e sim apresentá-los como seres humanos complexos e vulneráveis. Assim, podemos perceber que Gary Hart não é apenas um político arrogante e infiel, mas também alguém que possui ideais nobres e uma visão utópica de um futuro melhor para os Estados Unidos. Da mesma forma, a jornalista investigativa não é retratada como uma heroína infalível, mas sim como alguém que também tem suas falhas e dilemas éticos.

Ainda assim, é impossível assistir O Favorito sem se sentir incomodado com o retrato da política americana que o filme nos apresenta. Desde as cenas iniciais, em que vemos o frenesi midiático em torno da figura de Gary Hart, até o desfecho melancólico, percebemos a atmosfera de decadência moral que permeia todo o ambiente político dos Estados Unidos. O filme nos mostra como, por trás das cortinas, as campanhas eleitorais são sujas e imorais, movidas pelo jogo de interesses de poderosos empresários e políticos.

Por outro lado, O Favorito é também um filme que serve como um alerta para os perigos da exposição excessiva dos indivíduos na era das redes sociais e da cultura do escândalo. Em tempos de fake news e de disseminação de informações sem filtro, é cada vez mais fácil destruir a reputação e a dignidade de uma pessoa. O caso de Gary Hart é um exemplo claro disso, mas poderia ser aplicado a muitos outros políticos, artistas ou personalidades públicas que foram vítimas da perseguição midiática.

Em conclusão, O Favorito é um filme que deve ser visto por todos aqueles que se interessam por política e cultura contemporânea. Sua abordagem realista e ousada pode chocar alguns espectadores, mas certamente provocará importantes reflexões sobre o papel da mídia e da democracia em nossas vidas. De certo modo, O Favorito é um filme que se tornou ainda mais relevante em tempos de polarização política e de crises institucionais, um alerta claro de que a política ainda precisa ser repensada e reinventada para cumprir sua promessa de servir ao bem comum.